A comunidade imigrante em Portugal, através do serviço de transferências internacionais de dinheiro, faz quatro a dez remessas de 200 a 300 euros, em média por ano, para o país de origem, o que representa um valor significativo no seu rendimento global.
Muitos imigrantes têm conta bancária em Portugal mas, em muitos casos, o mesmo não se verifica nos seus países de origem. Ou seja, muitas das pessoas a quem enviam dinheiro, não dispõem de conta própria.
Neste sentido, a opção de envio privilegiada é o cash-to-cash, que passa pela entrega de dinheiro nos nossos balcões para ser remetido e levantado num agente da Western Union no país de destino. Há que referir que os brasileiros são uma exceção, uma vez que muitos preferem utilizar o serviço cash-to-account, que permite o envio do dinheiro para uma conta bancária.
A principal razão de envio de dinheiro tem a ver com apoio regular a familiares ou amigos próximos. Normalmente, trata-se de “rendas” destinadas a pais, mulher/marido e filhos.
A segunda razão de envio de remessas prende-se com a celebração de um evento especial, tal como o período de Natal e outras festividades ligadas às respetivas religiões, aniversários e mortes de familiares. Segue-se um conjunto variado de situações que podem estar relacionadas com o pagamento de uma dívida, reforço de uma conta poupança, ou pagamentos de despesas médicas ou escolares.
Têm entre 18 e 45 anos e 90 % deles têm uma ocupação profissional, seja a tempo inteiro, part-time, ou mesmo temporária. Estes dados coincidem, de certo modo, com as estatísticas do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, segundo as quais cerca de 80% da população imigrante está em idade ativa (a grande maioria entre os 20 e 39 anos).
O setor da construção continua a ser um dos que tem acolhido mais imigrantes em Portugal. No entanto, o desenvolvimento de outras indústrias, tais como a restauração, a hotelaria e a agroalimentar, têm proporcionado novas oportunidades de trabalho aos imigrantes. As alterações a nível demográfico também se notam. Se antes de 2010 havia uma predominância clara do género masculino (mais de 60%), hoje os dados parecem ser mais equilibrados.
A Unicâmbio afirma-se, hoje, como o principal agente da Western Union em Portugal. Faz envios de dinheiro para mais de 120 países, o que espelha a grande variedade de estrangeiros a residir em Portugal. Há também muitos portugueses espalhados pelo mundo a enviarem dinheiro para Portugal.
O número de estrangeiros registados em Portugal atingiu 420 mil, em 2017, representando um aumento de 6% face ao ano anterior, segundo o SEF. Trata-se do segundo ano de crescimento consecutivo, depois do abrandamento da imigração associado aos anos de crise. Informação qualitativa sugere que o número efectivo de imigrantes a viver no país é superior, mas de difícil quantificação.
Ainda de acordo com o SEF, os brasileiros (cerca de 85 000) continuam a ocupar o primeiro lugar da tabela, seguidos pelos cabo-verdianos (35 000), ucranianos (32 000) e romenos (30 000). Os chineses, britânicos e angolanos ocupam as posições seguintes.
De referir ainda que se tem verificado um aumento de estrangeiros oriundos do espaço europeu, em particular de França e Itália, embora não partilhem ainda posições cimeiras. Tal como os britânicos, o perfil deste tipo de imigração contrasta com a grande maioria de estrangeiros estabelecida em Portugal, quer a nível demográfico, quer a nível sócio-económico. De igual modo, tem-se registado um aumento de comunidades asiáticas oriundas de países tais como o Nepal, Índia e Paquistão.
Manuel de Herédia é diretor da Unidade de Desenvolvimento Internacional da Unicâmbio